domingo, novembro 23

Nada mais.


O Desejo chama.
Há dois jovens nesta tarde que se entregam, um ao outro e a si mesmos.
Face a face, eles respiram devagar, mas pesadamente. E é nesse ar pesado que se encontram, observando, instigando.
É como um feitiço. Paralisados, não podem fugir do desejo, não podem fugir.
Ele a olha: imóvel, sentindo-o cada vez mais perto. Os segundos parecem minutos, inacabáveis segundos de aproximação. Suspira e espera... rendendo-se, e olhando-o.
O olha, aproximando-se, com plena consciência do ato, do sonho, encostando docemente seus lábios nos dela, sentindo e aproveitando todo seu sabor.
Aqueles lábios tão desenhados tomam para si os doces lábios da jovem, que continua sem reação, deixando-se domar por ele, por todo seu poder e imponência.
Encostada em uma parede, ela sente o prazer daquele gosto agridoce que tanto quis, daquele quase beijo que ele a oferece, e deixa-se ser usada.
Ele brinca com ela, mordisca seus lábios, suspira em seu ouvido, fecha os olhos e continua brincado,e brincando, até gentilmente, beijar-lhe do modo mais doce, mais suave, mais apaixonante.
Sente o macio dos lábios, o doce do beijo, o sabor do desejo, do sonho, da realidade, pois tudo é um, e eles não são mais nada além daquele momento, porque nada mais importa, nada mais conta, quem são, o que fazem, o que esperam, o que amam... nada importa. Eles tem o Desejo, tem um ao outro agora, e mais nada.
As mãos que ele apertava entre as suas vão soltando-se aos poucos, pois ele perde as forças, e deixa-as livres para o prazer.
Ela já não pensa em mais nada. Passa gentil e levemente sua mão delicada no pescoço do rapaz, chegando calmamente a sua nuca, acariciando os belos cabelos negros e puxando-o, delicadamente, para si.
Ele, por sua vez, enlaça-a, passando seu braço por traz da cintura fina, trazendo-a para si, sem fuga, sem saída, sem selvageria.
Ambos ficam presos um ao outro, implorando pela mesma coisa, com os mesmos desejos...
Nada mais do que um beijo.
Que faz não sobrar nada mais.

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